As demandas da realidade atual nos trazem muitas reflexões e questionamentos que podem nos desequilibrar ou nos estimular a pensar em como lidamos com as novas imposições que alteraram vigorosamente nossa conhecida fórmula de viver a vida. Tudo depende de como encaramos os desafios do contexto atual.
Durante os anos 90, no contexto militar, surgiu um conceito expresso no acrônimo VUCA, que descreve um ambiente onde as coisas mudam em velocidade muito acelerada e com destino incerto, proporcionando várias respostas para uma mesma questão. Vale a pena entende-lo!
VUCA (em inglês) ou VICA (em português) nos apresenta aos seguintes conceitos:
- Volatility (Volátil) – Tudo é alterável. Refere-se à velocidade e natureza inconstante.
- Uncertainty (Incerto) – Elemento Surpresa. Refere-se v falta de previsibilidade.
- Complexity (Complexo) – Múltiplas Forças. Refere-se ao fato de termos que considerar numerosas influências, chaves e questões para tomada de decisão.
- Ambiguity (Ambíguo) – Potencial de erro. Refere-se ao fator de turvação da realidade, nem tudo é tão claro.
Incertezas e mudanças são uma constante em um cenário em que tecnologias se renovam rápida e constantemente e hábitos de consumo se modificam a cada instante, fazendo desse ambiente caótico o “novo normal”.
Não precisamos dizer que capacidade de adaptação, flexibilidade e criatividade tornam-se imprescindíveis neste cenário. A grande questão é: como obter e manter este estado e essas competências? Isso impacta diretamente no modo de ser de cada um de nós e das organizações com quem ou para quem trabalhamos. Tem a ver com a forma de planejarmos o futuro, tomarmos decisões, implementarmos mudanças, resolvermos problemas e fazermos a gestão dos riscos.
Para quem já ouviu falar neste conceito e também pra quem se depara com ele pela primeira vez, podemos dizer que como nunca, as atuais circunstâncias impostas pela pandemia do Coronavírus, evidenciaram, com força e também com muita velocidade, este cenário.
Curioso que, um fator que não surgiu do mercado nem de uma grande inovação tecnológica, mas sim da natureza – um vírus altamente contagioso e letal para humanidade – tenha sido o elemento crucial desta nova realidade que parou o planeta de uma hora para outra. Simples assim e ao mesmo tempo impensável, a menos que estivéssemos falando de um filme de ficção científica.
E agora, o que será de nós e do mundo? Esta é a pergunta que mais se faz neste momento e que não se tem resposta certa. Os melhores e mais conceituados médicos infectologistas, biólogos e cientistas do mundo todo simplesmente não sabem responder quando e como isto tudo termina. Sociólogos e economistas da mesma forma não sabem em que mundo viveremos após tudo isso.
Isso é VUCA! E é com isso que supostamente deveríamos estar prontos para lidar. Será que estamos? Quais são os fatores decisivos que fazem diferença neste momento? Quais destes fatores estão no nosso controle?
Não vamos debater sob o ponto de vista científico da cura nem da vacina para esta doença. Acreditamos que os melhores do mundo nessa área já estão fazendo isso por nós neste momento. Gostaríamos, então, de propor uma reflexão de ordem mais prática sobre alguns pontos que já podemos ver:
- A vida tem valor! A despeito de perdas financeiras, adiamento de conquistas e viagens, o mundo parou para salvar vidas. Mesmo que alguns de nós ainda o façam a partir de uma perspectiva bastante egocêntrica – salvar a própria vida e dos seus – muitos de nós já conseguem ampliar este sentido para o coletivo.
- Estamos conectados. Importa sim, e muito, o que acontece do outro lado do mundo. Importa sim, e muito, o que acontece bem perto de mim.
- O valor de cada atitude: entender a importância crucial tanto daqueles que estão trabalhando neste momento – como os louváveis profissionais da saúde, cientistas, profissionais dos supermercados, farmácias, caminhoneiros, agricultores, bombeiro, policiais, cartórios etc – mas também daqueles que estão bravamente enfrentando o isolamento social. Todos para o bem maior.
Apesar do cenário cruel e indesejado desta pandemia é bom ter isso evidenciado no mundo que vivemos, não é?
Não há alternativa que não seja o enfrentamento da crise. Estamos no barco, de repente a tempestade chegou, e vamos ter que atravessá-la. Sempre haverá uma nova forma de lidarmos com as coisas, de vivermos diferente, de navegarmos. Ancorar ou ficar á deriva não são opções. Quaisquer que sejam as atitudes e decisões a serem tomadas, o serão para seguir em frente. Quais são as suas opções? Apesar do pouquíssimo tempo de crise o que já conseguiu aprender? E o que fará com sua capacidade de adaptação, flexibilidade e criatividade? Qual o significado de “continuar navegando” para você?
A forma como encaramos e nos comportamos durante esta viagem definirá se sairemos melhores ou não do outro lado. Faça sua escolha!
Valéria Machado Netto
Professional Coach
Registro IAC: 56134-230417