A concordância nem sempre é possível entre os homens, mas há casos em que ela, mais que recomendável, torna-se obrigatória, e existem outras situações em que se pode dispensá-la; trata-se, neste ponto, da sintaxe, que estuda as orações gramaticais.
O verbo haver, por exemplo, apresenta certas peculiaridades. Quando usado com sentido de existir ou com ideia de tempo decorrido, é impessoal, ficando, por isso, no singular.
Vejamos: “Nesta competição há vários atletas olímpicos” (existem). “Já houve vários acidentes nesta curva” (ocorreram). “Havia meses que as coisas andavam calmas” (tempo decorrido).
No entanto, há casos em que a concordância no plural se impõe como regra a ser seguida. Veja-se o verbo existir nos casos seguintes: “Existem várias oportunidades”, “Existirão dúvidas até o fim dos trabalhos”.
A concordância no plural se aplica também ao verbo haver quando este tem o sentido de “decidir”, como em “Os promotores houveram por bem incluir novas provas”.
A concordância, portanto, não é absoluta, mesmo em gramática, mas é razoável evitar-se, em quaisquer casos, o pomo da discórdia, para que, parafraseando Kruchev, as cinzas dos contendores não sejam, ao fim, indiferenciáveis.
Elói Alves é escritor, consultor linguístico, tradutor e professor; estudou Letras Clássicas na FFLCH-USP, licenciou-se em Língua Vernácula na FE-USP, é discente do curso de Direito da FMU- Liberdade; é autor de O Olhar de Lanceta: Ensaios Críticos sobre Literatura e Sociedade (2015), Contos Humanos (2013), As Pílulas do Santo Cristo (2012), Sob um céu cinzento (2014), entre outros; escreve em www.escritoreloialves.com.br