A nova ortografia da língua portuguesa, acordada por países de falantes do português em 1990, vigorando no Brasil a partir de 2016, e cujo objetivo era a padronização de sua ortografia, trouxe como consequência de suas alterações na forma de acentuação algumas confusões na produção de textos escritos.
É o caso, entre outros, das palavras “Ideia”, “assembleia”, “europeia” e “papéis”, “remói, céu, réu etc. A confusão forma-se pela alteração introduzida pela nova regra que aboliu o acento agudo das paroxítonas formadas por ditongos com vogal aberta, a saber: é e ó,regra já internalizadas por muitos falantes. A complicação dá-se porque, não obstante a abolição da referida acentuação, acentuam-se ainda as palavras oxítonas com terminação em ditongo aberto.
A diferença, pois, para a acentuação, está na posição da sílaba tônica. Vejam-se: assembleia, ideia e europeia, para as quais a norma antiga exigia acentuação, são paroxítonas constituídas por ditongos abertos, de cuja sílaba o “a” não faz parte. Por sua vez, as palavras “papéis” e “remói” são, quanto à tonicidade, palavras oxítonas, isto é, o final é a parte pronunciada com mais força. A mesma regra aplica-se às palavras “céu” e “réu”, que, quanto à classificação, são chamados de monossílabos tônicos, por formarem-se de uma só sílaba, sendo, assim, acentuadas como as oxítonas aludidas, inversamente das paroxítonas referidas acima.
Elói Alves é escritor, consultor linguístico, tradutor e professor; estudou Letras Clássicas na FFLCH-USP, licenciou-se em Língua Vernácula na FE-USP, é discente do curso de Direito da FMU- Liberdade; é autor de O Olhar de Lanceta: Ensaios Críticos sobre Literatura e Sociedade (2015), Contos Humanos (2013), As Pílulas do Santo Cristo (2012), Sob um céu cinzento (2014), entre outros; escreve em www.escritoreloialves.com.br