Ao ler “A arte de ouvir”, artigo de autoria do caríssimo Professor Doutor Arthur Del Guércio Neto, um silêncio inquieto interrogou-me se a gratidão também o era.
No impasse entre a arte e outras propriedades humanas, lembrei-me da gratidão no contexto mais fixo da sintaxe da Língua Portuguesa, na qual, expressa pelo verbo, requer uma regência específica.
Assim, com o verbo “agradecer”, deve-se usar a preposição a, exigida por sua regência, como verbo que pede um objeto direto e outro indireto, sendo estes representados respectivamente pela coisa e a pessoa. Vejamos:
“Com o coração aberto, ele agradeceu ao amigo o apoio”. “Após a reunião, o diretor agradeceu a todos o empenho”. “Ao final, agradeceram aos convidados a agradável presença”.
Portanto, seguindo a regência exigida neste caso, deve-se usar sempre a preposição a pedida pelo verbo, porque quem agradece, agradece a alguém, e se o fizer com arte, mais gratificante ainda.
Elói Alves é escritor, consultor linguístico, tradutor e professor; estudou Letras Clássicas na FFLCH-USP, licenciou-se em Língua Vernácula na FE-USP, é discente do curso de Direito da FMU- Liberdade; é autor de O Olhar de Lanceta: Ensaios Críticos sobre Literatura e Sociedade (2015), Contos Humanos (2013), As Pílulas do Santo Cristo (2012), Sob um céu cinzento (2014), entre outros; escreve em www.escritoreloialves.com.br